quarta-feira, 25 de abril de 2007

Poema Vencedor do 20º Concurso de Poesia

Em Abril, A Liberdade

1
primeiro fecharam os mares semeados de lemes e de quilhas
tiraram os rumos aos aviões por entre céus fervilhando de nuvens
contaram-nos os passos espiando-nos a sombra por entre sombras
entre o dia findo e o fim do dia ao longe na curva nocturna do seio
centopeia ornada de gritos lamentos em tempos de retoma tardia
tochas de sangue a arder nos pilares inchados de ecos aprisionados
soldaram as grades aos olhares vigiaram-nos a palavra e o espaço
sonhos onde as flores tardavam a nascer crescendo emaranhadas

2
depois a onda veio descendo a memória colectiva rente ao corpo
canção guerrilheira por entre esquinas arma em paiol de terras
lugares de gentes firmamento de amanhãs em seiva e luta
e o grito eco e sangue panfletário prisioneiro sem tempo de reserva
por entre balas perdidas arando chãos de fenos e papaoilas rubras
abrindo sulcos de soldados regressando na agitação da raiva
afastando fantasmas e odores antigos leitos à margem do tempo e do passado
rumores afogueados em esconderijos de punhos e de canções

3
no adormecer das cidades pairando fugidios os campos agitaram-se
cercando-se de gestos pensados nudez de coragem em tempo de luta
tanques de guerra rodados de paz percurso nocturno à luz do sonho
árvores de pedra no ventre da terra caminhando viva emancipada
guerreiros de estandartes erguidos tatuando na pele do vento um poema
com sonhos de sempre e já sem medo abrindo-se serenamente ao dia
epopeia derramando impaciente o mel da vida e da vontade
sussurrada em gritos acordados renasciso País inundado de esperança

é sempre de madrugada que a liberdade começa!

Autor: Fernando Manuel Pereira

1 comentário:

F. P. disse...

Por favor, NÃO me cortem o nome!
Metam lá o MANUEL, para que o Fernando e o Pereira não se sintam sós!...
Mais do que ter ganho o 1º prémio, que muito me honra, o importanto foi ter participado. Espero vir a fazê-lo próximamente...
Fernando Manuel Pereira