quarta-feira, 25 de julho de 2007

Poema vencedor do concurso do 2º aniversário - Poesia no Elevens

Coisas do Inverno

Era uma tarde sombria de aspecto agonizante,
Vento norte, neve fria,
Tormentos p´ra um caminhante.
Eu passei naquela rua…
Não devia ter passado…
Não devia estar ali e nem sequer ter olhado!
Uma porta apodrecida de uma casa abandonada,
Uma mulher encolhida num sujo trapo enrolada…
Fui seguindo meu destino de branco atapetado,
Um branco alvo e tão frio, mas um branco imaculado.
Minhas pegadas ficaram marcadas naquela neve,
Meus sentidos se abalaram naquela visão tão breve…
Eu segui o meu caminho sobre a neve derramada
Imaginando o destino daquela mulher… Coitada!
Jogada naquela porta de uma casa já sem vida,
Daquela casa já morta com a porta apodrecida.
Pouco depois foi um grito que me travou a passada.
Um grito tão aflito…
Da mulher abandonada…
O que faço? – pensei eu
Eu… nada posso fazer!
Será que a ajuda do céu não acaba aquele sofrer?
Retornei sobre as pegadas que o meu destino marcara
E que a neve sussurrante de todo não apagara.
Olhei a mulher na porta, soluçando combalida,
E pensei que a vida é torta para quem não tem guarida.
Os olhos que me fitaram e me queimaram por dentro,
De lágrimas se transbordaram,
Num rosário de tormento…
Chorando desesperada, aquela pobre mulher,
Aquela pobre coitada… Sem saber o que fazer.
Enredada num tormento e num lamento sombrio
Jogou palavras ao vento:
- Meu bebé… Morreu de frio!


Autor: Carlos Matos

1 comentário:

Unknown disse...

Carlos Matos, faz-me lembrar um amigo antigo no coração, e, agora tb irei recordar esta belissíma poesia de triste realidade. Parabéns!